Por Anderson Benelli – (reflexão sobre artigo da Folha de SP)
Esta classificação da arte como erudita (de elite) ou popular (do povo) é ridícula e preconceituosa, é arte e ponto.
Mas, olho sempre com desconfiança pra esse "reconhecimento" da arte classificada como popular, que já era para ter ocorrido há muito tempo atrás. Ao meu ver, em vez de reconhecer a arte dita popular eles costumam se apropriar dessa passando a classificá-la de erudita, como fizeram com Leonilson ou com o jazz, por exemplo, tirando-a do povo. Como se o fato de ser popular, portanto, uma manifestação que vem do povo para o povo, a caracterizasse como uma arte (manifesto do intelecto humano), desqualificada, por não pertencer a uma elite opressora. Como se uma manifestação artística que vem do povo não fosse manifestação intelectual. Novidade: apesar da elite olhar o povo como coisa e fazer com que este se veja como tal tecendo uma teia de alienação e manipulação que cega e impede a maioria da população de pensar, portanto de ser humano, ainda existe a resistência, pensando, criando, criticando, fazendo ARTE e lutando por sua humanidade.
Esse “reconhecimento” me parece mais com invasão e saque cultural. E se esse "reconhecimento" for pra tirar o que nasceu do povo para o povo e restringir a uma elíte opressora, fazendo desta arte um objeto de reafirmação de um status elítista, por favor, deixe que esta continue marginal.
Imagens:
1 - Bispo do Rosário com seu Manto da Apresentação
2 - Autor desconhecido
3 - Leonilson
UM SALVE A ARTE DO POVO, UM SALVE A ARTE DE TODOS.
Discussão no canal contemporâneo
2 comentários:
Rapaz! essa conversa é boa, e sempre pensei nisso. Principalmente com essas politicas de fazer com que o museu seja um espaço mais democratico, e com esse intuito, leva-se uma obra popular para o museu.Isso pra mim é puro saque cultural; é so se perguntar: Como, e por quem, a obra foi levada para dentro do museu? Como o museu influencia na fruição da obra? Quem é o curador? que conceitos esteticos ele usa? esses conceitos estão proximos da realidade da obra? Aonde vai parar a autonomia da obra e do artista em um espaço como este? No final das contas quem é o dono da poesia? Em que situação o povo, que vive no mesmo universo da obra- antes dela estar no museu- a visita?
É Ricardo são ótimas questões provocativas, que poucos ousam faze-las e menos ainda responde-las. Eu fico feliz que vc tenha gostado dessa breve e direta reflexão, vlw pelo comentário. abs
Postar um comentário