sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ter ou não ter Bienal?



Por Anderson Benelli


Contagem regressiva... 

O tempo passa, (tic tac), e a possibilidade da 30ª Bienal de São Paulo ser adiada ou não acontecer aumenta alimentando a polêmica. As contas da instituição estão bloqueadas por inadimplência desde o dia 2 de Janeiro e diante da possibilidade da mostra não acontecer surgem apoiadores que, através da imprensa, redes sociais e petição online, tentam pressionar os órgãos e representantes públicos a desbloquearem as contas da instituição para que a 30ª Bienal aconteça.

Algumas matérias e comentários procuram atacar e desvalidar os órgãos fiscalizadores, (CGU, TCU, MinC) pressionando e responsabilizando representes públicos caso a mostra não venha acontecer. Isso não seria uma inversão de valores e de responsabilidades?

Mas, também existem os que são contrários reforçando o debate questionando: 

Será mesmo, que devemos apoiar a instituição diante das circunstâncias apresentadas?

A importância da Bienal de São Paulo para o fomento da arte brasileira é inegável, assim como para o sistema artístico burguês. Afinal, como as transações financeiras e negociatas serão fechadas sem a grande feira? 

Como é inegável também, o esforço admirável dos educadores e educadoras em subverter a grande feira numa exposição de arte com real inclusão do povo, onde o mesmo não seja tratado como corpo numérico girando a catraca.

Enfim, a importância da Bienal é inegável. Mas isso não a coloca a cima do bem e do mal. A instituição e sua má gestão, seja do passado ou não, é a única responsável pelos atuais acontecimentos e cabe a mesma prestar contas do que foi feito com o dinheiro público.

Se a instituição não consegue justificar onde o dinheiro foi aplicado tem alguma coisa errada aí, não? A questão persiste: não seria um equívoco apoiar a Bienal nessas circunstâncias? Ou todos(as) também apoiariam um político que não consegue explicar onde foi parar o dinheiro público de sua gestão?

A Bienal cavou o próprio buraco e o papel de vítima não lhe cai bem. Seria isso, uma tentativa de ter a opinião pública a seu favor pressionando o desbloqueio de suas contas? Cabe a fundação a responsabilidade de reparar os erros e, se for o caso, repor o dinheiro público usado de forma não justificável, deixando a prestação de contas em dia junto aos órgãos financiadores e fiscalizadores. 

Caso a Bienal não aconteça (o que é muito difícil, mas pode acontecer) será uma grande perda, mas a única responsável por isso, caso se confirme, será a própria.

Nos resta torcer para que a 30ª Bienal de São Paulo aconteça, mas com transparência e prestações de contas em dia.



Links relacionados:

A MANOBRA: Ministério da Cultura abre operação para realizar Bienal






quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A Presença Invisível de um Gigante Estrangeiro No Vale do Anhangabaú





Por Anderson Benelli
Imagem retirada do site oficial da dupla OsGêmeos
Na terça-feira, dia 14/02/2012, a obra g intitulada Estrangeiro da dupla OsGêmeos, intervenção feita no Vale do Anhangabaú durante as comemorações do ano da França no Brasil, foi apagada pela Prefeitura de São Paulo.
A dupla se pronunciou através de seu site oficial comunicando estar fora do país a trabalho e lamentando o fato. MAS, informando que já se sabia que a obra seria temporária desde o início pois o edifício seria demolido. O que não desvalida o erro por parte da prefeitura o gigante só deveria sumir junto com o prédio, se este vir a ser demolido um dia.

A gestão da prefeitura mais uma vez mostra sua imbecilidade. Já haviam apagado outro  mural da dupla OsGêmeos, se não me engano em parceria com a Nina Pandolfo e Nunca, na Av. 23 de Maio, sob a desculpa de ter sido um engano por parte da empresa contratada. Na ocasião tiveram que pagar os autores do mural para fazer outra obra no mesmo lugar. Ou seja, a prefeitura pagou para apagar para depois pagar para refazer, gastando o dinheiro público duas vezes. 

A atual gestão, não só da cidade mas de todo estado de São Paulo,, segue sua política higienista, apagando pixações e Graffiti, espancando estudantes na USP, doentes viciados na cracolândia, expulsando famílias de suas moradias de forma ditatorial e violenta em Pinheirinho e no Centro da cidade. E assim, negando o direito constitucional que garante, pelo menos no papel, um teto a essas famílias. |sso sem citar as favelas localizadas em áreas de especulação imobiliária que "misteriosamente" pegam fogo, como foi o caso da Favela do Moinho. 

Mas, o mais irônico disso tudo, é que, assim como não conseguem apagar o povo oprimido da cidade, pois este é a própria cidade., Não conseguiram apagar o gigante Estrangeiro. Pois, ele ainda está lá, bem mais feio é verdade, mas a silhueta CINZA ainda marca a sua presença invisível.