Por Anderson Benelli
Na última década cresceu, considerávelmente, o número de coletivos e ONGs voltados a produção cultural na zona sul da cidade de São Paulo. Com o objetivo de incluir socioculturalmente a periferia e seus cidadãos esses grupos promovem oficinas socioeducacionais e eventos (shows, exposições, workshops, etc.). As atividades desenvolvidas por esses coletivos e ONGs são de grande importância, pois com suas oficinas e eventos culturais, eles preenchem algumas das grandes lacunas deixadas pela escola e principalmente por um estado ausente. Esses grupos, com suas propostas e metodologias diferenciadas, envolvem crianças, adolescentes e comunidades em suas atividades socioeducativas e culturais denunciando o descaso do estado com as periferias e sua população, instigando a reflexão, a busca por igualdade e soluções para os problemas do dia-a-dia das periferias e, consequentemente, a busca por conquistas de melhorias para essas comunidades e seus habitantes.
As atividades oferecidas por esses coletivos e ONGs, além de incluir socialmente, levar e despertar essas comunidades para a cultura erudita, popular e principalmente para a sua cultura local incentivando-a e difundindo-a, formam e incentivam profissionais para atuarem individualmente (como artesãos, artistas, educadores, arte/educadores, etc.) e/ou em grupos favorecendo o surgimento de novos coletivos. O que acaba gerando e aquecendo uma economia “informal” local fundamentada na educação, na produção artística e cultural, promovendo, com isso, o desenvolvimento da região.
Mas, com esse importante crescimento do número de coletivos e ONGs, que atuam em áreas onde o estado esta ausente, surge uma questão: porque tantos pequenos grupos lutando (separados) por uma mesma causa (ou causas muito semelhantes) não atuam juntos? A falta de uma Rede social colaborativa bem organizada parece ser a maior causa desse problema. Apesar de alguns desses grupos já fazerem parte de uma Rede social colaborativa, a maior parte ainda atua “desconectado” deixando uma impressão de não darem a devida importância a uma rede colaborativa entre os coletivos, de desorganização e da existência de concorrência entre os mesmos.
Cada coletivo e/ou ONG em atividade agrega grande valor à luta contra desigualdade e exclusão social, mas “desconectado” de uma rede colaborativa possui pouca força perante o estado e seus opressores.
Com todos esses coletivos e ONGs “conectados” em uma Rede social bem organizada o poder de reivindicação perante o estado seria muito maior, além disso, atrairia e facilitaria a consolidação de novas parcerias, sejam elas privadas, estatais e/ou não-governamentais.
Um pequeno coletivo “desconectado” de uma Rede atua em uma pequena área e geralmente não consegue atender nem mesmo as necessidades de um pequeno bairro. Mas, fazendo parte de uma Rede social colaborativa esses grupos atuariam e alcançariam uma área e um público muito maior, expandindo seu desenvolvimento (que seria centralizado em um pequeno local e atenderia um pequeno público) a várias comunidades, elevando o número de beneficiados e fortalecendo as causas por quais lutam. Além disso, uma Rede social colaborativa bem organizada e em fluxo constante, ou seja, sempre agregando novos coletivos e ONGs e se “conectando” à outras Redes sociais, rapidamente se expandiria pela cidade, pelo estado, pelo país fortalecendo o alicerce para o desenvolvimento de uma “economia solidária”.
P.S.
Aproveito para lembrar alguns oportunistas que estão a frente ou atuando em certas “ONGs” e “coletivos socioculturais” que toda e qualquer verba levantada e/ou destinada ao incentivo de tais ações, são para usufruto e aplicação na construção da mudança em busca de uma igualdade social, não para enriquecimento ilícito de alguns. Então peço aos fakes que gentilmente se retirem e deixem quem realmente quer lutar em pró da construção da igualdade social trabalhar.
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