Por Anderson Benelli
Contagem regressiva...
Contagem regressiva...
O tempo passa, (tic tac), e a possibilidade da 30ª Bienal de São Paulo ser adiada ou não acontecer aumenta alimentando a polêmica. As contas da instituição estão bloqueadas por inadimplência desde o dia 2 de Janeiro e diante da possibilidade da mostra não acontecer surgem apoiadores que, através da imprensa, redes sociais e petição online, tentam pressionar os órgãos e representantes públicos a desbloquearem as contas da instituição para que a 30ª Bienal aconteça.
Algumas matérias e comentários procuram atacar e desvalidar os órgãos fiscalizadores, (CGU, TCU, MinC) pressionando e responsabilizando representes públicos caso a mostra não venha acontecer. Isso não seria uma inversão de valores e de responsabilidades?
Mas, também existem os que são contrários reforçando o debate questionando:
Será mesmo, que devemos apoiar a instituição diante das circunstâncias apresentadas?
A importância da Bienal de São Paulo para o fomento da arte brasileira é inegável, assim como para o sistema artístico burguês. Afinal, como as transações financeiras e negociatas serão fechadas sem a grande feira?
Como é inegável também, o esforço admirável dos educadores e educadoras em subverter a grande feira numa exposição de arte com real inclusão do povo, onde o mesmo não seja tratado como corpo numérico girando a catraca.
Enfim, a importância da Bienal é inegável. Mas isso não a coloca a cima do bem e do mal. A instituição e sua má gestão, seja do passado ou não, é a única responsável pelos atuais acontecimentos e cabe a mesma prestar contas do que foi feito com o dinheiro público.
Se a instituição não consegue justificar onde o dinheiro foi aplicado tem alguma coisa errada aí, não? A questão persiste: não seria um equívoco apoiar a Bienal nessas circunstâncias? Ou todos(as) também apoiariam um político que não consegue explicar onde foi parar o dinheiro público de sua gestão?
A Bienal cavou o próprio buraco e o papel de vítima não lhe cai bem. Seria isso, uma tentativa de ter a opinião pública a seu favor pressionando o desbloqueio de suas contas? Cabe a fundação a responsabilidade de reparar os erros e, se for o caso, repor o dinheiro público usado de forma não justificável, deixando a prestação de contas em dia junto aos órgãos financiadores e fiscalizadores.
Caso a Bienal não aconteça (o que é muito difícil, mas pode acontecer) será uma grande perda, mas a única responsável por isso, caso se confirme, será a própria.