sexta-feira, 16 de abril de 2010

RUA OU MORTE!?!



"Se o pixo é exposto numa galeria ou numa Bienal, permanece sendo arte?"
Não!!! 


Ao meu ver, quando uma manifestação artística urbana e marginal que nasceu da rua, e pra rua, como forma de protesto, como o graffiti e a pixação, se deslocam e passam a ser expostas em instituições elas perdem a essência que faz delas arte. Ou seja, perde o conceito do protesto, a postura política, o pertencimento a rua. Como o nome street art já diz graffiti e pixação são artes de rua que perdem seu valor artístico se deslocadas do contexto onde nasceram e para qual nasceram. O graffiti e a pixação invadem, tomam o espaço urbano intervindo na estética da cidade e causando reflexões (a favor ou contra e outras inúmeras). Essas manifestações domesticadas dentro de uma instituição e fora de seu contexto não passam de pintura morta (Graffiti) e de design de caligrafia (pixação). 
Não sou contra o artista ganhar dinheiro enquanto joga com sua arte, mas matá-la para ganhar dinheiro é no mínimo questionável. 

O "artista" não estará transformando o jogo em trabalho? Portanto, se desvalorizando como artista?
Um artista de rua lutar (como o discurso - ao que parece agora mera publicidade - dos pixadores que invadiram a Bienal) por reconhecimento de sua arte pelo sistema artístico é uma contradição, é lutar contra a contravenção de sua arte, é suicidar-se como artista contraventor.

Resumindo: Ao meu ver nem existe motivo para essa discussão, arte de rua só é arte na rua. E não deve ser apresentada como arte de rua dentro de uma instituição, chame do que quiser mas não de graffiti e pixação porque isso já não são mais. Mas isso não impede que artistas de rua apresentem outros jogos artísticos em instituições, desde de que, não sejam rotulados como street art. Afinal, o artista contemporâneo tem liberdade de jogar com diferentes e quantos meios quiser, então vamos nos valer disso.
 Mais uma vez o sistema artístico está querendo reduzir manifestações artísticas a mera publicidade e mercantilismo.

 RUA OU MORTE!?!




4 comentários:

Cleo Kesslan disse...

Ola Anderson,
Concordo com vc em termos. O grafite e o pixo são definitivamente arte de rua e devem sim permanecer como tal e também concordo que esta arte perde sim sua essencia em uma galeria.
Agora, também sou a favor de que os artistas exponham sim, pois nem todos olham como nos!
A exposição neste caso, torna-se um reconhecimento, e pq não?
Talvez a curadoria da bienal tenha outros olhares em direção ao pixo, mas de qq forma, eles estarão presentes e pronto! São artistas tb e merecem!
Visite o Museu! http://minhocao.wordpress.com/

Abs, Cleo

Anderson Benelli da Silva disse...

Oi Cléo, obrigado pelo comentário tentei ir até seu blog mas não consegui visualizá-lo então replicarei por aqui espero que vc veja.
Concordo, o reconhecimento não é só válido como necessário, o artista precisa viver de sua arte é uma discussão paradoxal. Mas comprometer a essência de sua obra não é desvalorizá-la como arte? Acredito que existem maneiras de expor arte de rua sem matá-la, espero que os responsáveis pela Bienal entendam isso e consigam expô-la (na rua) sem anulá-la.
E por que o reconhecimento não pode ser do trabalho exposto na rua? Aliás o reconhecimento desses artistas vem primeiro da rua e não o contrário. Será que quem esta dentro de alguma instituição é realmente reconhecido? Ou será explorado?
Ao meu ver o sistema da arte só reconhece alguém quando percebe a possibilidade de ganhar dinheiro com isso. Ou seja, eles entendem muito é de comércio. Deixo a provocação: Será que entendem realmente de arte?
Obs: Claro que existem pessoas de competência incontestável nesse meio mas outras nem tanto rs.
Como eu disse acima: "arte de rua ta na RUA". Fora dela já não sei o que é. VC sabe? rs

18 de abril de 2010 16:56

Cleo Kesslan disse...

Oi Anderson!
Finalmente acho que vc conseguiu entrar no http://minhocao.wordpress.com/ certo?
Eu vi seu comentario!
Bem, é isso mesmo, o que é necessario é que esse reconhecimento seja de fato "reconhecido" e que se faça jus ao trabalho de rua, que é o lugar do grafite e do pixo. Eu, que sou uma admiradora desta arte, criei Museu do Minhocao justemante com esta intenção: de publicar sem matar!
Nesse sentido, a minha sugestão para os curadores, seria uma grande expo en torno do minhocão!
Pensa que lindo!!
Fiquemos em contato! Um grande abraço, Cleo

Anderson Benelli da Silva disse...

Consegui sim Cléo. Nossa parabéns pelo espaço. Nossa seria realmente lindo. Estamos em contato.