domingo, 25 de abril de 2010

Arte popular: RECONHECIMENTO OU SAQUE CULTURAL?!?

Por Anderson Benelli – (reflexão sobre artigo da Folha de SP)

 Esta classificação da arte como erudita (de elite) ou popular (do povo) é ridícula e preconceituosa, é arte e ponto.

 Mas, olho sempre com desconfiança pra esse "reconhecimento" da arte classificada como popular, que já era para ter ocorrido há muito tempo atrás. Ao meu ver, em vez de reconhecer a arte dita popular eles costumam se apropriar dessa passando a classificá-la de erudita, como fizeram com Leonilson ou com o jazz, por exemplo, tirando-a do povo. Como se o fato de ser popular, portanto, uma manifestação que vem do povo para o povo, a caracterizasse como uma arte (manifesto do intelecto humano), desqualificada, por não pertencer a uma elite opressora. Como se uma manifestação artística que vem do povo não fosse manifestação intelectual. Novidade: apesar da elite olhar o povo como coisa e fazer com que este se veja como tal tecendo uma teia de alienação e manipulação que cega e impede a maioria da população de pensar, portanto de ser humano, ainda existe a resistência, pensando, criando, criticando, fazendo ARTE e lutando por sua humanidade.      
 Esse “reconhecimento” me parece mais com invasão e saque cultural. E se esse "reconhecimento" for pra tirar o que nasceu do povo para o povo e restringir a uma elíte opressora, fazendo desta arte um objeto de reafirmação de um status elítista, por favor, deixe que esta continue marginal.





A pergunta que fica no ar: RECONHECIMENTO OU SAQUE CULTURAL?!? 



                
                                         Leonilson

Imagens:
1 - Bispo do Rosário com seu Manto da Apresentação
2 - Autor desconhecido


UM SALVE A ARTE DO POVO, UM SALVE A ARTE DE TODOS.

Discussão no canal contemporâneo

sexta-feira, 16 de abril de 2010

RUA OU MORTE!?!



"Se o pixo é exposto numa galeria ou numa Bienal, permanece sendo arte?"
Não!!! 


Ao meu ver, quando uma manifestação artística urbana e marginal que nasceu da rua, e pra rua, como forma de protesto, como o graffiti e a pixação, se deslocam e passam a ser expostas em instituições elas perdem a essência que faz delas arte. Ou seja, perde o conceito do protesto, a postura política, o pertencimento a rua. Como o nome street art já diz graffiti e pixação são artes de rua que perdem seu valor artístico se deslocadas do contexto onde nasceram e para qual nasceram. O graffiti e a pixação invadem, tomam o espaço urbano intervindo na estética da cidade e causando reflexões (a favor ou contra e outras inúmeras). Essas manifestações domesticadas dentro de uma instituição e fora de seu contexto não passam de pintura morta (Graffiti) e de design de caligrafia (pixação). 
Não sou contra o artista ganhar dinheiro enquanto joga com sua arte, mas matá-la para ganhar dinheiro é no mínimo questionável. 

O "artista" não estará transformando o jogo em trabalho? Portanto, se desvalorizando como artista?
Um artista de rua lutar (como o discurso - ao que parece agora mera publicidade - dos pixadores que invadiram a Bienal) por reconhecimento de sua arte pelo sistema artístico é uma contradição, é lutar contra a contravenção de sua arte, é suicidar-se como artista contraventor.

Resumindo: Ao meu ver nem existe motivo para essa discussão, arte de rua só é arte na rua. E não deve ser apresentada como arte de rua dentro de uma instituição, chame do que quiser mas não de graffiti e pixação porque isso já não são mais. Mas isso não impede que artistas de rua apresentem outros jogos artísticos em instituições, desde de que, não sejam rotulados como street art. Afinal, o artista contemporâneo tem liberdade de jogar com diferentes e quantos meios quiser, então vamos nos valer disso.
 Mais uma vez o sistema artístico está querendo reduzir manifestações artísticas a mera publicidade e mercantilismo.

 RUA OU MORTE!?!